A autointitulada "psicóloga cristã" Marisa Lobo ganhou uma batalha na guerra que trava há seis anos com o CRP (Conselho Regional de Psicologia) do Paraná, onde vive e pratica sua profissão.
A juíza Soraia Tullio, da 4ª Vara Federal de Curitiba, negou uma ação indenizatória por dano moral que o conselho movia contra a psicóloga.
No processo, Lobo é acusada de submeter "sistematicamente esta autarquia na mídia, em situação vexatória e constrangedora", o que "vilipendia" a "dignidade e a atuação da instituição". Compensação sugerida: R$ 50 mil.
O texto elenca entrevistas que Lobo deu a sites como Gospel Prime, Cavaleiro do Templo e Guia-me. A manchete de um deles, o Genizah: "Sob o ataque do CRP e de ativistas gays e ateus". Na foto, Marisa lê uma Bíblia em frente ao prédio da autarquia.
De 2012, a reportagem narra uma ida de Lobo ao conselho –que ela afirma ser "politicamente aparelhado" e para o qual diz pagar, em contribuição compulsória, anuidade de quase R$ 500.
Lobo relatou que, na reunião, fiscais lhe disseram frases como "você não tem o direito de dizer em público que ama os gays, mas quer ter um filho hétero" e "não pode dizer que Jesus cura, estando na condição de psicóloga".
O quiproquó entre as partes começou em 2011, quando Lobo foi intimada a "esclarecer sobre a publicidade de serviço de psicologia com vinculação religiosa", como a própria afirmou à Justiça.
O código de ética da categoria veda "induzir [o paciente] a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito". O argumento do conselho: o que dizer de
Lobo na pele de uma "psicóloga cristã" que ainda por cima defenderia a "cura gay"?
Ela nega as duas acusações e se diz vítima de "perseguição religiosa" e "abuso psicológico". É fiel da Igreja Batista do Bacacheri, a mesma do coordenador da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Lobo é "fã" da operação). E não nega sua fé.
À Folha já definiu o pastor e deputado Marco Feliciano (PSC-SP) como seu "mentor", e ele retribuiu lhe chamando de "amiga de longa data" – os dois se unem na aversão ao ensino da ideologia de gênero nas escolas, entre outros dissabores que Lobo associa a uma agenda da esquerda.